Harmonia Temprano e Farrera de Los Campos vencem o Freio de Ouro  

Incontestável é a palavra que define a decisão do Freio de Ouro em 2016. Com a supremacia de Farrera de Los Campos e Harmonia Temprano, esta temporada teve mais do que a conclusão de um ciclo. No ano em que chega a três décadas e meia de seleção, a maior disputa teve na arena de Esteio, na Expointer, a consolidação de que a perfeição tão procurada na raça existe e se chama cavalo morfo-funcional.

 

De um lado, um criatório com 100% de aproveitamento ao classificar quatro animais para a decisão e ainda levá-los ao domingo do Freio. Mas como já havia anunciado anteriormente o criador Aldo Vendramin, ninguém sai da estância que leva o seu sobrenome, em Palmeira/PR, se não for para vencer.

 

O criador paranaense sabia o que estava fazendo e o resultado não poderia ser diferente: assim que Farrera chegou à primeira posição, nas andaduras, não havia para mais ninguém. O ouro já era dela e de Antonieto Rosa, ginete da nova geração e que ganhou pela primeira vez. “É um trabalho de dedicação, planejamento e seleção genética, por isso somos extremamente competitivos. A Farrera é diferente, excepcional. É uma égua fantástica e agora terá o seu merecido descanso”, afirma Vendramin.

 

Um plano de Ouro

No caso dos campeões, também não há espaço para coincidências. Temprano chegou à Expointer com a melhor campanha da temporada e garantiu o terceiro lugar na fila morfológica no primeiro dia, assim como Farrera também teve um bom desempenho, ficando entre as quatro primeiras em um plantel de 48 matrizes.

 

Conforme um dos proprietários da Cabanha Harmonia, de Santa Vitória do Palmar/RS, Rodrigo Teixeira, não há espaço para o acaso, tudo é fruto de um planejamento estratégico. O Freio de Ouro é uma ferramenta de seleção e, sobretudo, aprendizado. Esta é a tônica da superação de Temprano que vem desde 2014 mirando o ponto mais alto do pódio, superando todo o tipo de adversidade.

 

Após enfrentar duas lesões, passar pelo Bocal de Ouro e ainda dois Freios – levando a Prata em 2015 – agora ele estava totalmente saudável, e também, mais maduro. Sua crescente chegou ao auge e 2016 era o ano dele e de seu ginete - parceiro há 13 anos da família - José Fonseca Macedo, o Zeca, terem a merecida glória. “O Freio é uma ferramenta importante para aprender e melhorar nossa criação. Saiu outro cavalo de dentro do Temprano. E estou aqui novamente, onde há 10 anos eu ganhei com o pai dele, o Ganadeiro”, comemora Teixeira.

 

Mais acirrado do que nunca

O encalço do Ouro foi um páreo bastante duro de conquistar. Tanto que na fase final, enquanto Farrera cravava seu lugar como a melhor, o embate pelas primeiras posições - assim como também foi com os machos – foi uma luta de tirar o fôlego até da pessoa mais calma na plateia. Alternâncias de posições são algo que realmente fazem parte do jogo, mas o que se viu neste 28 de agosto foi algo eletrizante. E como nada é por acaso - até mesmo quando a superação do Crioulo está em jogo - o que parece uma competição pelo coração da arquibancada, nunca deixa de ser a seleção de uma raça.

 

Foi exatamente isso que se pode ver, pois as trocas de lugares eram feitas por aqueles animais que se saíram bem na etapa morfológica. Aqueles que levaram o Freio de Prata, por exemplo, foram os dois com a maior média na Conformação: Carlota de São Pedro e Guapuruma Mate Amargo.

 

Igualmente disputado em uma mescla de técnica e garra, o Bronze também é carregado por vencedores interessantes. No caso das fêmeas, Natividade Setembrina é o quinto animal registrado no afixo da Cabanha Sossego, de São João da Aliança/GO, mostrando que uma criação razoavelmente nova, mas que começa certo pode render bons resultados no Assis Brasil, cedo.

 

No caso de BT Vermute, da Cabanha 55, de Porto Alegre/RS, não é à toa que o garanhão chegou ao pódio. No circuito de semifinais ele foi o sétimo melhor desempenho entre 48 candidatos ao título.

 

Comando reconhecido

Responsável por encaminhar 12 animais à grande final, Cézar Augusto Schell Freire, o Guto Freire, recebe pela quinta vez o troféu de Ginete do Ano e é mais um dos coroados na temporada. “Sem dúvida nenhuma eu tenho muito a comemorar esse ano. A gente teve um título de Freio de Prata, em um Freio muito disputado. Eu acho que esse prêmio é muito gratificante porque é um trabalho do ano inteiro, de vários animais, que sem dúvida nenhuma é muito desgastante”, fala.

 

Domador do Ano

A arte de iniciar um exemplar na raça, despertando sua docilidade, moldando suas habilidades e futura submissão aos comandos é um trabalho essencial. E uma função tão importante merece ser valorizada. Assim o troféu de Domador do Ano foi para Jair Silveira Lemos, profissional agraciado pela primeira vez com este reconhecimento.

 

E a escolha não foi à toa. Afinal, ele foi o primeiro a conquistar a confiança de dois importantes animais que brilharam de forma muito expressiva nesta edição: Guapuruma Mate Amargo – Freio de Prata, Machos, e Guapuruma Lanilla – 8º lugar entre as Fêmeas. “É um trabalho que envolve muito tempo e carinho. Agora vamos seguir em frente, pois isso mostra que estamos no caminho certo”, comemora. 

 

Sempre em frente

De acordo com Rodrigo Py, integrante do trio que julgou as Fêmeas, com Mateus Gularte e Vinícius Guedes de Freitas, se alguém chegou a questionar do nível técnico dos competidores deste ano, todas as performances, sem exceção, vistas no final comprovam a alta qualidade de 2016. “Foi uma baita prova como todos os anos. Se alguém tinha dúvida que o Freio não estava tão forte, os finalistas comprovaram exatamente o contrário”, frisa.

 

Conforme Telmo Raimundi Ferreira, que avaliou a divisão Machos, juntamente com Leandro Amaral e Thiago Schilling de Ávila, é exatamente nas trocas de posições que as qualidades Crioula estão sendo mantidas e progredindo em cada final. “Tivemos uma decisão muito parelha, eles vieram se alternando. E o cavalo que venceu é um animal excepcional vindo de uma crescente, demonstrando como a raça vem se superando”, aponta.   

 

Resultado

Fêmeas

Freio de Ouro

Farrera de Los Campos, filha de Muchacho de Santa Angélica e Campana Intriga; criador e expositor Aldo Vendramin, Estância Vendramin, Palmeira/PR

Ginete: Antonieto Rosa. Nota: 20,998

 

Freio de Prata

Carlota de São Pedro, filha de Macanudo do Itapororó e Generina de São Pedro; criador e expositor Eduardo Macedo Linhares, Cabanha GAP São Pedro, Uruguaiana/RS

Ginete: Fábio Teixeira da Silveira. Nota: 20,669

 

Freio de Bronze

Natividade Setembrina, filha de Muchacho de Santa Angélica e BT Pitanga II; criador e expositor Sylvio Gomes Ribas, Cabanha Sossego, São João da Aliança/GO

Ginete: Daniel Waihrich Marim Teixeira. Nota: 20,305

 

Machos

Freio de Ouro

Harmonia Temprano, filho de Ganadero da Harmonia e Coral Sombra, criador e expositor Harmonia Agricultura e Pecuária Ltda, Cabanha Harmonia, Santa Vitória do Palmar/RS

Ginete: José Fonseca Macedo. Nota: 22,607

 

Freio de Prata

Guapuruma Mate Amargo, filho de Campana Guasquero e Única do Igiquiquá; criador André Luiz Narciso Rosa e expositores André Luiz Narciso Rosa e Onécio Prado Júnior, Estância Guapuruma e Estância Tamareira, Navegantes/SC e Santa Rita do Passa Quatro/SP

Ginete: Cézar Augusto Schell Freire. Nota: 20,608

 

Freio de Bronze

BT Vermute, filho de BT Harmônico e BT Iludida; criador Flávio Bastos Tellechea e expositor Joni Flores dos Santos, Cabanha 55, Porto Alegre/RS

Ginete: Volmir Santos de Guimarães. Nota: 20,519

 

Confira aqui o resultado completo.

 

Temporada em números

Até serem definidos todos os finalistas deste ciclo, um total de 1.128 expositores e 1.999 animais percorreram as 51 credenciadoras e as 10 classificatórias que levaram à formação do pódio do Freio de Ouro este ano.

 

O começo da consagração

A decisão deste ano começou na quinta-feira (25) quando 48 fêmeas e 47 machos enfrentaram o primeiro desafio, o julgamento morfológico. Nesta etapa, Carlota de São Pedro, da Cabanha GAP São Pedro, de Uruguaiana/RS, puxou a fila com 8,133 de média. Enquanto na divisão Machos, Guapuruma Mate Amargo, das estâncias Guapuruma e Tamareira, de Navegantes/SC e Santa Rita do Passa Quatro/SP assumiu a ponta com 8,250 pontos.  

 

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Seleção funcional

Organizado pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), o circuito do Freio de Ouro tem o patrocínio de Ipiranga, Massey Ferguson e Ford, além do apoio de Supra e Senar. A supervisão do evento esteve a cargo dos técnicos Adolfo José Martins Neto e Ricardo Guazelli Martins, profissionais credenciados à ABCCC.