FREIO DE OURO - HISTÓRIA
A mais importante prova da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) teve origem na cidade de Jaguarão, no Rio Grande do Sul, durante a década de 1970. Até este período as exposições eram somente morfológicas, mas preocupados com a funcionalidade do Crioulo, alguns criadores do município organizaram a 1ª Exposição Funcional.
As instalações desta exposição eram modestas e o número de participantes limitado, mesmo assim a prova foi um sucesso crescente a cada edição chamando a atenção da ABCCC. Mas foi somente em 1982, ano em que comemorava 50 anos, que a Associação criou o primeiro Freio de Ouro, em homenagem aos fundadores da entidade.
Naquela ocasião foram realizadas três etapas classificatórias, uma em Jaguarão, outra em Pelotas e a última em Bagé. Na grande final, em Esteio, a aceitação do público com a nova atração foi surpreendente: os remates que aconteciam ao mesmo tempo das provas do Freio de Ouro foram interrompidos devido ao esvaziamento de público que se concentrou em torno dos cavalos Crioulos.
Os animais da raça fizeram um verdadeiro espetáculo ao mostrarem suas habilidades funcionais e desenvoltura. O vencedor foi Itaí Tupambaé, da Cabanha Tupambaé, do expositor Oswaldo Dornelles Pons e ginete Vilson Charlat de Souza, de Dom Pedrito.
Atualmente a competição conta com 7 classificatórias, duas delas internacionais, por onde passam mais de mil animais anualmente. A grande final segue sendo realizada na Expointer e ainda é a prova que reúne maior número de público na feira.
O Freio de Ouro é dividido em sete provas, cada uma tem uma pontuação específica a ser conquistada pelo cavalo e pelo ginete. Quem obtiver melhor pontuação na soma das etapas é o grande campeão.
A primeira fase da competição é a análise morfológica dos animais, na sequência vem o julgamento funcional feito nas provas de andadura, figura, voltas sobre pata e esbarrada, mangueira, campo e bayard/sarmento (disputada na última fase). Conheça melhor as etapas:
Andadura - O equino é submetido as três andaduras típicas da raça, sendo elas o tranco, o trote e o galope.
Figura - O equino precisa realizar um percurso pré-determinado, demarcado com feno, no menor tempo possível.
Voltas sobre patas e Esbarrada - Consiste na execução de três movimentos distintos: giro do animal sobre ele mesmo, esbarrada e recuada em linha reta.
Mangueira - Em uma mangueira de 16 x 9 metros, o ginete precisa manter apartado um novilho durante 45 segundos. Em seguida, realiza duas pechadas em um novilho.
Campo - Nesta etapa são executadas duas paleteadas com retomada e recondução do novilho.
Bayard/Sarmento - consiste na realização de um percurso pré-determinado, em linha reta, onde deverão ser executadas esbarradas, atropeladas, voltas sobre pata e recuada. Esta prova é realizada na última fase do Freio de Ouro junto a repetição das provas de mangueira e campo que acabam sendo decisivas na escolha do grande campeão.
Freio de Ouro Categoria Fêmeas: Capanegra Doña Guinda e Eduardo Weber de Quadros
Freio de Ouro Categoria Machos: Jalisco da GAP São Pedro e Daniel Waihrich Marim Teixeira
Colibri Matrero, o Cavalo das Americas
Já era simbólico por si, o ano era 2022, data em que a disputa seletiva funcional da raça completava quarenta anos de seleção e a Associação 90 anos. Tornando ainda mais memorável a 45ª edição da Expointer, um feito histórico: Colibri Matrero, torna-se Tricampeão da modalidade. O primeiro conquistado na final de 2020, depois em 2021 na defesa do título, e o último em 2022. Algo inédito para um exemplar da raça, o cavalo uruguaio Colibri Matrero virou “Colitri”!
Nesta final e ao longo de toda a sua trajetória, esteve aliado ao fenômeno o ginete brasileiro Gabriel Viola Marty. Após celebrar a conquista e demonstrar a irmandade entre nações que o amor pelo cavalo é capaz de promover, balançando a bandeira uruguaia em mais uma volta olímpica pela pista de Esteio, Gabriel Marty se emocionou ao falar sobre o velho companheiro com quem atingiu, neste campeonato, a média final de 20,531 pontos: “É um cavalo que encantou o público, encantou a Raça, e que mudou a história”, afirmou.
O cavalo filho de Oeste del Acierto e Colibri Matrera assegurou também a alegria do seu criador e proprietário, Juan Salustiano Peirano, da Cabaña La Pacífica, no Uruguai. Acompanhando as provas direto das arquibancadas no Parque Assis Brasil, Juan falou à ABCCC: “Devo um agradecimento enorme a Gabriel e ao cavalo. Foi um freio muito brigado, com muito nível… E ele brigou com Gabriel. Brigaram juntos”. Domado por Julio Taramasco, Colibri foi exposto nesta final por RBM Importação e Exportação Ltda.
Em 2023, Colibri retornou a Arena do Cavalo Crioulo com Gabriel Marty, em sua última apresentação, onde foi desencilhado, aclamado, e aposentado. Na ocasião, a Diretoria da Associação entregou aos proprietários do garanhão o título de Cavalo das Americas, simbolismo pelas façanhas conquistadas.
Cavalo das Américas: Colibri Matrero e Gabriel Viola Marty
Freio de Ouro: Patrimônio Cultural, conheça o projeto através da Lei de Incentivo à Cultura
Cultura: substantivo feminino, composto por complexo de atividades, instituições e padrões sociais ligados à criação e difusão das belas artes, ciências humanas e afins; ou ainda processo de ação ou efeito de cultivar, tudo isso define bem a tradição cultuada por toda uma nação em torno do Cavalo Crioulo. Nada mais justo, que a competição, que envolve mais de quatro décadas de seleção da modalidade funcional da raça crioula, receba o reconhecimento necessário. Portanto a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos, ABCCC, lançou no segundo dia de agosto de 2024, o Projeto Freio de Ouro: Patrimônio Cultural. Durante a programação da Classificatória Aberta, que aconteceu na Arena do Cavalo Crioulo, em Esteio/RS, o Presidente da ABCCC, Cesar Augusto Rabassa Hax, divulgou a proposta onde a modalidade recebe apoio da Lei de Incentivo à Cultura, por meio do Ministério da Cultura.
Espetáculo Freio de Ouro Patrimônio Cultural